quarta-feira, 18 de julho de 2012

Após um ano, duplo homicídio contra mãe e filha em Paraíba do Sul ainda é um mistério

A dona de casa Maria Eunice da Conceição Monsores, de 36 anos, e sua filha, Maria Gabriela da Conceição Vieira, de 15 anos (FOTO), foram brutalmente assassinadas com dezenas de facadas por todo o corpo no dia 18 de julho de 2011. O crime chocou toda Paraíba do Sul por se tratar de uma família muito conhecida, de origem pacífica e humilde. O pai e esposo, o sargento PM Luiz Vieira, foi quem encontrou os corpos. Os vizinhos também ficaram perplexos com o bárbaro crime, cometido de forma violenta, e provavelmente por alguém que estaria com muita raiva das vitimas, devido à quantidade dos ferimentos e de facas usadas no crime, que ao todo foram seis.

Entre as principais dúvidas desse bárbaro crime está o mistério de não haver nenhum indício de arrombamento nas portas e janelas, o que leva a crer que o assassino pode ter tido o consentimento das vítimas para entrar na casa ou, quem sabe, possa haver mais de um criminoso, já que a quantidade de facas usadas no crime é anormal.
 
O crime já é considerado o mais violento de todos os tempos ocorrido em Paraíba do Sul, mas nem por isso teve uma atenção especial das autoridades municipais ou estaduais. Policiais da 107ª DP (Paraíba do Sul) fizeram uma varredura no local, várias investigações foram realizadas na cidade em busca de pistas que pudessem levar à prisão de um ou mais criminosos envolvidos nessa barbárie; dezenas de pessoas foram ouvidas, mas nenhum indicio foi confirmado por parte da policia.
 
Na ocasião do crime, o delegado titular da 107ª DP, Dr. Eliezer Lourenço, falou sobre a dificuldade em encontrar elementos que pudessem esclarecer os fatos. “Os esforços têm sido muito grandes para chegar à autoria do crime, mas infelizmente têm esbarrado numa dificuldade: a do horário em que foi praticado, justamente em um horário em que poucas pessoas estão transitando, o que dificulta a coleta de informações. Além disso, a região onde foi praticado é de uma rua pouco frequentada nessa hora do dia, e o pior; dentro de uma residência, onde somente criminosos e vitimas ocupavam”. Mãe e filha foram mortas entre as 04h e 06h.
 
Investimentos pífios em segurança
 
As autoridades municipais, todavia, permaneceram ignorando os fatos ocorridos durante o período mais violento de todos os tempos: o governo municipal chegou, inclusive, a bradar aos quatro cantos o slogan oficial que “Paraíba do Sul é a cidade da paz”. Entretanto, na realidade, a coisa funciona de forma completamente diferente.
 
Seguindo esta direção, de ignorar o que se passava no dia a dia dos cidadãos sul-paraibanos, a Prefeitura destinou, para o período entre 2010/2011, recursos pífios para a segurança pública. De acordo com o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), apenas 0,04% dos R$ 68.388.527,63 do orçamento de Paraíba do Sul foram destinados ao setor. Ou seja: numa cidade em que ocorreram tantos crimes, o governo destinou apenas R$ 28.450,00 (vinte oito mil, quatrocentos e cinqüenta reais) para a segurança pública.
 
Na mesma ocasião o Juiz titular da 2ª Vara de Paraíba do Sul, com competência criminal, Dr. Luiz Fernando Ferreira de Souza Filho, demonstrou sua preocupação com o aumento da criminalidade no município: “Flagrante é o aumento da violência em Paraíba do Sul nos últimos meses”, afirmou, por e-mail, ao Entre-Rios Jornal. “O município não dispõe de políticas de atendimento, à luz do Estatuto da Criança e do Adolescente, capazes de retirar os jovens do submundo das drogas e mais, direcionando-os a políticas de profissionalização e educação. Têm sido flagrantes as demandas de jovens envolvidos em drogas e pequenos delitos na vara de infância e juventude o que representa um início do progresso da violência que culmina com delitos mais graves no futuro, como se tem visto ultimamente”, disse o Dr. Luiz Fernando.
 
Num período de 20 meses, ou seja, menos de dois anos, foi contabilizada mais de uma dezena de mortes na antes pacata cidade, uma média de um homicídio a cada mês, na maioria de forma covarde e traiçoeira, sem chance para as vítimas. 

Entre-Rios

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